De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa procuro recompor tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menina
Correndo ao teu encontro.
Deste-nos ombro e amor. A mim me deste
A suprema herança: a capacidade de amar
Em silêncio. Partiste um dia
Tua morte, como todas, foi simples.
É coisa simples a morte.
Dói, depois sossega.
Não és, como não serás nunca para mim
Um cadáver sob um lençol...
Por tudo o que não nos deste
Obrigada, meu pai.
Não te direi adeus, de vez que acordaste em mim
Com exatidão nunca sonhada
A imagem de pai inesquecível.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
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