segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ao meu pai, no seu dia

De repente não tinha pai.
No escuro de minha casa procuro recompor tua lembrança
Depois de tanta ausência. Fragmentos da infância
Boiaram do mar de minhas lágrimas. Vi-me eu menina
Correndo ao teu encontro.
Deste-nos ombro e amor. A mim me deste
A suprema herança: a capacidade de amar
Em silêncio. Partiste um dia
Tua morte, como todas, foi simples.
É coisa simples a morte.
Dói, depois sossega.
Não és, como não serás nunca para mim
Um cadáver sob um lençol...
Por tudo o que não nos deste
Obrigada, meu pai.
Não te direi adeus, de vez que acordaste em mim
Com exatidão nunca sonhada
A imagem de pai inesquecível.

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